Pais devem orientar e impor limites ao invés de estimular.
Mesmo que a venda antes dos 18 anos seja terminantemente proibida por lei, estatísticas mostram que a primeira experimentação, muitas vezes, ocorre em casa. Pesquisa promovida pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) em 2005, revela que 46% dos entrevistados provaram bebidas alcoólicas pelas mãos de um parente.
“Familiares não devem ser facilitadores. É ilegal consumir antes dos 18 anos e essa postura deve ser mantida também dentro de casa. Se o adolescente tiver, por exemplo, casos de alcoolismo na família, suas chances de desenvolver o mesmo problema são grandes”, diz o pediatra João Paulo Becker, Coordenador do Projeto Anti Tabágico do Hospital Universitário da USP, Universidade de São Paulo.
Para o neuropsicólogo Paulo Jannuzzi Cunha, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, se a experimentação for inevitável, quanto mais se retardar o contato do jovem com a bebida alcoólica melhor. “Nesta faixa etária o cérebro está em fase de pleno desenvolvimento e, com isso, vulnerável a desenvolver uma dependência ou algum transtorno mental, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico”, revela.
Especialistas alertam que a tentativa de se aproximar do filho no sentido de criar mais intimidade e conquistar sua confiança leva também alguns pais a oferecer bebidas alcoólicas ou até concordar com o consumo indiscriminado fora de casa. Entretanto, não é necessário receio em impor regras com medo de que os filhos se afastem.
“O jovem, mesmo que inconscientemente, pede limite e cuidados. O que verificamos em nossos grupos de estudo é que ele reage positivamente a esse estímulo o que gera maior proximidade com a família”, conta Denise de Michelli, professora adjunta do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, Universidade Federal de São Paulo.
A psicóloga defende ainda a necessidade de mudança de hábito dentro de casa, quando nem mesmo os pais possuem o hábito de consumo responsável. “É preciso uma reflexão do próprio comportamento, ou seja, como os pais enxergam seu consumo. Caso contrário, o adolescente pode até obedecer para evitar conflito, mas fora de casa agirá de maneira diferente”.
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